A âncora sempre teve um significado muito simbólico pra mim.

Havia uma época que eu a relacionava com alguns relacionamentos meus. Sempre me puxando pra baixo, me afundando. Na minha cabeça eu precisava da âncora, ora, pois como ia andar por aí sem a segurança da âncora? E se eu ficasse cansada? Se houvessem maremotos? E se o vento virasse?? E muitas vezes agarrada a estes medos, eu deixe a falsa segurança de algumas âncoras, me afundarem.

No fundo do mar não havia maremoto. Não importava se o vento virasse. Mas também não importava mais nada. Havia apenas a escuridão do fundo do mar.

Hoje penso diferente. Hoje vejo a âncora como um ponto de referência. Uma possibilidade de estabilidade no meio da tormenta. Mas não a única. Sabe o que mudou? O barco. Âncora nenhuma afunda barco estável. Âncora nenhuma é pareô para quem está pronto pra navegar. E se tentar me afundar, eu corto a corda.

Porque já decidi que eu ei de navegar sem a estabilidade da âncora quantas vezes for necessário. Porque sei que o fundo do mar não é o meu lugar. O meu lugar é navegar.

 

“Navegar é preciso; viver não é preciso.” – Fernando Pessoa

Fim da sessão.

Antônia no Divã

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