Efemérides

Uma carta de amor à leitora

Oi. A gente não se conhece pessoalmente, mas saiba que eu te amo. Num mundo “internético” tão voraz e sem compaixão, você veio parar aqui no meu divã, e assim, do “nada” roubou meu coração.

É estranho, e eu sigo não entendendo muito bem. Eu faço essas sessões de terapia abertas, expondo o meu melhor, e também o meu pior, e tudo que recebo é empatia. Você abre meu espaço no seu celular, no computador, e mais que isso, abre espaço no seu coração, e eu só queria dizer o quanto sou grata. Através dos teus dedinhos você me transmite esperança, essa de que ainda existe humanidade. E daqui do meu mundo, me convida a conhecer o teu.

Quando eu sofro com meu luto, você se compadece e me escreve, “eu tô contigo”, e eu me sinto mais forte. Quando falo sobre as mazelas de ser uma mulher, você grita comigo dizendo “vai ficar tudo bem”, e que somos maravilhosas mesmo, e eu volto a me sentir um mulherão da porra, ou melhor, um mulherão da vagina, como eu gosto de dizer. Se eu tô feliz, vocês comemoram comigo. Isso é minha terapia, e eu sinto que tenho milhares de corações pulsantes abraçando o meu bem de pertinho.

Com “É preciso ir embora” a gente já deu a volta ao mundo juntas. Enfrentou perrengues, fez as malas, sentiu saudade, voltou, partiu de novo. Eu poderia dizer que esse é só mais um blog, mas não é. É um recanto de carinho. Um local de apoio, e na hipótese mais singela, é onde a gente se distrai com planos infalíveis de mudar o mundo.

Vocês me dão atenção, e olha que maluco, me dão lágrimas e sangue. Sangue que evita lágrimas, ou seja, isso aqui é um canhão de amor ao próximo. Em 3 anos de campanha fomos quase 200 doadores de sangue, impactando 800 pessoas.

Algumas chegaram aqui ontem, outras estão comigo há quase 4 anos. Tive relacionamentos amorosos que duraram bem menos que isso, então eu sei o quanto isso é raro.

A Dulce é um exemplo disso. Uma leitora que começou a me escrever lá em 2015, e hoje coleciono quase 90 comentários dela no meu humilde divã. Sei que a Dulce ama histórias, pois o avô dela era um sublime contador de peripécias. Ensinou-a enfrentar a vida sem temer, e ela assim o fez. Ela escreve também, sobre amor. Tem na família o incentivo de suas palavras através do Tio Clóvis, que sempre sonhou em ver um livro da Dulce publicado.

Ela ama mulheres, como eu. Dindinha, tia Biti, Tia Lelei, coleciona orgulhos na própria casa. Sente uma imensa gratidão pelos pais, que lhe deram o nome de uma estrela. Foi mãe aos 18 aninhos, sua alegria divina. Ela como eu, também perdeu um amor insubstituível, quando o filho faleceu aos 30. E assim como eu, segue aprendendo com uma das lições mais doloridas da vida, essa de deixar partir. É preciso deixar ir embora, né Dulce.

Ela é viajante também. Já fugiu para Dallas, para Londres, procurando nos olhos das crianças o olhar do filho “perdido” até descobrir que nunca o perdeu, porque ele estava o tempo todo dentro do peito.

Dulce celebra a maturidade nos cabelos prateados, e no conhecimento. Seu conselho: “Nunca deixe de ser criança e faça que cada dia seja melhor que antes”. Como já disse, a gente não se conhece, mas eu sinto que amo a Dulce a distância, e tão de perto.

Quando pergunto o que ela vem fazer no meu divã, ela me diz “Gosto de tudo do Divã da Antônia! Aqui já sorri, gargalhei, chorei e aprendi a ser melhor.  Me emocionei com suas conquistas e me vi um pouco em ti, do que eu gostaria de ter sido, de ter vivido… Conheci Antônia no Divã pelas mãos de uma amiga especial, sensível, que entendeu a minha dor e falou, através do Divã, o “porque precisamos ir embora”… Nunca mais sai daqui”.

E espero que nunca saia, Dulce Maria.

Eu falei da Dulce, mas poderia ter falado da Ana, da Shirlei, da Andrea, da Vanda, da Valentina, e tantas outras de vocês que me mandam amor semanalmente.

E é justamente esse o propósito desta carta Ela é uma declaração de amor. Eu sou bem melhor com o carinho de vocês.

MUITO, Muito obrigada.

Aline Mazzocchi – a Antônia deste divã


Dulce Maria, a estrela mais brilhante

Antônia no Divã

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