Efemérides

Saudade bandida

em
1 de abril de 2014

Elas pegaram as malas e partiram. Como eu  fiz um dia, elas foram conhecer o mundo lá fora. E eu fiquei.

Na antecipação da despedida, a gente – como boas amigas que somos – disfarçou. Fingiu que a distância nunca existiria. Fez de conta que não era adeus. Engoliu o choro, engasgou-se com os sentimentos, embebedou os últimos encontros, vestiu um sorriso torto pra esconder a dor eminente.

Mas todo grande amor tem um preço. Preço de saudade. Saudade bandida.

E quando você acha que estava encarando tudo numa boa e se distrai por um minuto, a dor da saudade bate na sua porta, bate no seu peito, bate e fica. O domingo fica com gosto amargo de coração partido. E aí, nem o mais confortante dos sofás consegue te abraçar. Você desiste e deixa as lágrimas rolarem.

E entende por fim que se separar de um amor é impreterivelmente separar-se de um pedaço de si mesmo.  Diga-se até, do melhor pedaço.

Você enxuga as lágrimas e pensa que esse choro é de egoísmo, “se ama, deixe seu amor livre”, mas como ser livre de querer perto um grande amor? “Você vai ficar bem!”, uns consolam. Vou sim, não tenho dúvidas, o problema é que junto de quem amo não fico bem, fico ótima.

Mas enfim, chega o temido dia em que cai a ficha que se renegou até aqui: com ou sem permissão, alguém pegou meu coração e resolveu exportar seus pedaços pelo mundo. Ok, eu aguento, se é preciso. Mas vou querer todos os pedaços de volta. Tenho dito

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Aline Mazzocchi
No divã e pelo mundo

De batismo, sim, Aline. Mas eu precisei do codinome Antônia - do latim "de valor inestimável" - para dividir minhas sessões públicas de escrita-terapia. O que divido aqui é o melhor e o pior de mim, tudo que aprendi no divã e botando o pé na estrada. Não para que dizer como você deve ver a vida. Mas para que essa eterna busca pelo auto-conhecimento, não seja uma jornada solitária, ainda que pessoal e intransferível. Então fique a vontade pra dividir o divã e algumas boas histórias comigo. contato@antonianodiva.com.br

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