Mateus e Murilo, essa é uma carta aberta a vocês. Nesta semana, vocês completam 6 aninhos, e confesso, a mana está apavorada. Apavorada porque vocês agora usam duas mãos quando indicam a idade com os dedinhos. E duas mãos me assustam, porque contam até o 10, e 10 já tá logo ali e aí entramos na pré-adolescência. No auge dos 31 anos, a mana não sabe se é adulta o suficiente para lidar com pré-adolescentes. Pré-adolescentes fedem, tem pelos em lugares estranhos, batem punheta e discordam de tudo. Eu sei, porque eu fui assim, com exceção da punheta. Então queridos irmãozinhos, rogo-lhes, não tenham pressa em crescer – entretanto se não puderem evitar, aqui vão algumas dicas de quem cresceu muito mais rápido do que gostaria.
Não briguem com seus irmãos. Não importam quem pegou o que de quem, arrumem um jeito de conversar, em especial, de dividir. Não percam essa linguagem particular de gestos, olhares e palavras que só vocês dois entendem. E não a cultivem porque vocês dois são gêmeos, eu sempre tive meu vocabulário com o mano Léo, que nos acompanhou até a vida adulta, para o conforto do meu coração. Celebrem as piadas internas, e as histórias que vocês dividem – aliás, entre vocês dois, e por favor, guardem as histórias com os manos mais velhos. Eu mesma já sinto saudade do tempo que vocês nem tinham cabelo e faziam guerra de polenta – e isso me parece que foi ontem.
Meninos, não cresçam a ponto de entender, ou pior, de se meter nos assuntos da mamãe e do papai. Acreditem, isso nunca é bom. Em algum momento vocês vão se dar conta de que eles não formam uma unidade a prova de falhas – não os condenem, numa coisa eles vão sempre concordar, que é o quanto amam vocês. Não tomem partido, e também não fiquem alheios às suas diferenças. Sejam tolerantes com os erros deles. Vocês vão descobrir mais cedo ou mais tarde, que eles são crianças como vocês – já diria Renato Russo. Ah, ouçam Renato Russo, em alguma fase da vida de vocês.
Aceitem desde cedo que mãe tem sempre razão – mesma quando ela estiver errada. Se ela mandar botar casaco e vocês desobedecerem, acredite, uma nevasca divina será enviada para provar que ela está sempre certa. Aliás, a maioria de nós leva muitos anos para admitir, mas ninguém escapa do “eu te avisei” quando a vida prova de novo, e mais uma vez, que a mulher acerta mais que o Polvo Paul na Copa. Conversem com ela e nunca mintam. E se acharem que por algum motivo não podem falar com ela, procurem a mana, mas nunca – nunca – mantenham segredos quando o tema for a integridade de vocês. Estudem. Nem tanto quando o mano Léo, e nem tão pouco quando a mana. Achem equilíbrio entre deveres e diversão. Pratiquem esportes, ainda que não gostem. Vocês aprenderão a gostar com o tempo, do contrário vão sentir falta de disciplina na vida adulta, se não a praticarem desde cedo. Não usem drogas e não fumem. Vícios não tem nada de glamour, não são legais, e não fazem vocês mais bacanas. Bebam álcool depois da idade permitida – vocês tem todo o tempo do mundo para ficar de ressaca (e nem pensem que eu vou aliviar na fiscalização). Façam amigos. Muitos amigos.
Sejam gentis com as pessoas. Aprendam desde cedo a tolerar as diferenças, aliás, aprendam a admirá-las.
Mateus goste das cores e brinquedos que você quiser, não importa o que digam, seja você mesmo. Murilo, siga insistindo nos porquês e não sossegue até você entender tudo que precisa saber do mundo, mantenha-se curioso. Murilo, não leve a vida tão a sério. Mateus, não desista na primeira tentativa. Murilo, pegue leve com seu irmão quando a desempenho, e Mateus, pare de dedurar o seu irmão – vocês dois são cúmplices de crime. Mateus siga inventando novas rimas, mesmo depois de adulto, pois elas vão embalar os dias mais tediosos. Murilo continuas determinado, e não te preocupas em ser o melhor em tudo. Pinta o 7, Mateus, e foco nos idiomas como francês, inglês e espanhol, que tu já ensaia tuas palavrinhas preferidas. Murilo quebra tudo no futebol e nos “músculos” que tu orgulhosamente já cultiva (e imagina).
Escutem os mais velhos, ajudem os mais desfavorecidos. Muito respeito com as meninas, ou serei a primeira a dar-lhes uma bela dura. Sejam gratos, sempre, por cada tombo ou salto. Não preocupem-se com o futuro – piegas – mas por vivermos preocupados com o futuro ou arrependidos do passado, a minha geração hoje oscila entre a ansiedade e a depressão, e goza pouco do presente. Usem menos as redes sociais – definitivamente MUITO menos que eu – e façam mais programações ao ar livre. Não trabalhem por dinheiro, mas entendam que ele é importante. Viagem. Para todos os lugares que puderem. E não perambulem pelo mundo sem entender a história dele. Aprendam idiomas. Respirem outras culturas. Não façam juízo de valor por conta de etnia, aparência, condição social ou orientação sexual.
Usem filtro solar e tomem água. Plantem árvores. Se arrependam menos, e pelo amor de Deus, não se julguem tanto quando eu – levou anos, mas hoje eu sei que fui a minha pior crítica. Insistam em tentar o melhor que puderem, e deixar rolar se o plano não der certo. Cometam seus próprios erros, ainda que eu queira protegê-los de todos eles. E discordem de mim sempre que precisarem – mas acreditem em mim quando eu digo, não cresçam. Pelo menos não completamente. Vocês não precisam acreditar na fada do dente a vida toda (spoiler – é a mamãe, e ela corre ruas e ruas para achar as tais moedas de chocolate), mas sigam acreditando nas pessoas. Vocês não precisam levar a vida na flauta, mas nunca deixem de brincar. Evoluam, desenvolvam-se, mas nunca, nunquinha, deixe a criança que há em vocês crescer. É dela que depende a bondade e alegria que o mundo precisa.
Fim da sessão
PS: Ok, Esqueça a baboseira acima. Não cresçam por que a mana quer vocês embaixo da asa dela pra sempre. (Sorriso amarelo aqui).
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