Efemérides

Uma carta de amor à leitora

em
5 de julho de 2018

Oi. A gente não se conhece pessoalmente, mas saiba que eu te amo. Num mundo “internético” tão voraz e sem compaixão, você veio parar aqui no meu divã, e assim, do “nada” roubou meu coração.

É estranho, e eu sigo não entendendo muito bem. Eu faço essas sessões de terapia abertas, expondo o meu melhor, e também o meu pior, e tudo que recebo é empatia. Você abre meu espaço no seu celular, no computador, e mais que isso, abre espaço no seu coração, e eu só queria dizer o quanto sou grata. Através dos teus dedinhos você me transmite esperança, essa de que ainda existe humanidade. E daqui do meu mundo, me convida a conhecer o teu.

Quando eu sofro com meu luto, você se compadece e me escreve, “eu tô contigo”, e eu me sinto mais forte. Quando falo sobre as mazelas de ser uma mulher, você grita comigo dizendo “vai ficar tudo bem”, e que somos maravilhosas mesmo, e eu volto a me sentir um mulherão da porra, ou melhor, um mulherão da vagina, como eu gosto de dizer. Se eu tô feliz, vocês comemoram comigo. Isso é minha terapia, e eu sinto que tenho milhares de corações pulsantes abraçando o meu bem de pertinho.

Com “É preciso ir embora” a gente já deu a volta ao mundo juntas. Enfrentou perrengues, fez as malas, sentiu saudade, voltou, partiu de novo. Eu poderia dizer que esse é só mais um blog, mas não é. É um recanto de carinho. Um local de apoio, e na hipótese mais singela, é onde a gente se distrai com planos infalíveis de mudar o mundo.

Vocês me dão atenção, e olha que maluco, me dão lágrimas e sangue. Sangue que evita lágrimas, ou seja, isso aqui é um canhão de amor ao próximo. Em 3 anos de campanha fomos quase 200 doadores de sangue, impactando 800 pessoas.

Algumas chegaram aqui ontem, outras estão comigo há quase 4 anos. Tive relacionamentos amorosos que duraram bem menos que isso, então eu sei o quanto isso é raro.

A Dulce é um exemplo disso. Uma leitora que começou a me escrever lá em 2015, e hoje coleciono quase 90 comentários dela no meu humilde divã. Sei que a Dulce ama histórias, pois o avô dela era um sublime contador de peripécias. Ensinou-a enfrentar a vida sem temer, e ela assim o fez. Ela escreve também, sobre amor. Tem na família o incentivo de suas palavras através do Tio Clóvis, que sempre sonhou em ver um livro da Dulce publicado.

Ela ama mulheres, como eu. Dindinha, tia Biti, Tia Lelei, coleciona orgulhos na própria casa. Sente uma imensa gratidão pelos pais, que lhe deram o nome de uma estrela. Foi mãe aos 18 aninhos, sua alegria divina. Ela como eu, também perdeu um amor insubstituível, quando o filho faleceu aos 30. E assim como eu, segue aprendendo com uma das lições mais doloridas da vida, essa de deixar partir. É preciso deixar ir embora, né Dulce.

Ela é viajante também. Já fugiu para Dallas, para Londres, procurando nos olhos das crianças o olhar do filho “perdido” até descobrir que nunca o perdeu, porque ele estava o tempo todo dentro do peito.

Dulce celebra a maturidade nos cabelos prateados, e no conhecimento. Seu conselho: “Nunca deixe de ser criança e faça que cada dia seja melhor que antes”. Como já disse, a gente não se conhece, mas eu sinto que amo a Dulce a distância, e tão de perto.

Quando pergunto o que ela vem fazer no meu divã, ela me diz “Gosto de tudo do Divã da Antônia! Aqui já sorri, gargalhei, chorei e aprendi a ser melhor.  Me emocionei com suas conquistas e me vi um pouco em ti, do que eu gostaria de ter sido, de ter vivido… Conheci Antônia no Divã pelas mãos de uma amiga especial, sensível, que entendeu a minha dor e falou, através do Divã, o “porque precisamos ir embora”… Nunca mais sai daqui”.

E espero que nunca saia, Dulce Maria.

Eu falei da Dulce, mas poderia ter falado da Ana, da Shirlei, da Andrea, da Vanda, da Valentina, e tantas outras de vocês que me mandam amor semanalmente.

E é justamente esse o propósito desta carta Ela é uma declaração de amor. Eu sou bem melhor com o carinho de vocês.

MUITO, Muito obrigada.

Aline Mazzocchi – a Antônia deste divã


Dulce Maria, a estrela mais brilhante

Palavras-Chave

17 de julho de 2018

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15 Comments
  1. Responder

    Carla de Melo Oliveira

    10 de julho de 2018

    <3
    Cadê nosso bate-papo com um vinho?

    • Responder

      Antônia no Divã

      10 de julho de 2018

      Muito bem lembrado. Vou pesquisar uma ferramenta de diálogo e vou organizar. Não quero mais monólogo.

  2. Responder

    Cida

    10 de julho de 2018

    Sempre me emociono com teus textos, sem alarde, silenciosamente. Sou tua fã desde sempre!

  3. Responder

    Shirlei dos Santos

    8 de julho de 2018

    Ah a Shirlei aqui amou ter o nome mencionado nessa carta, e espero que vc escreva e escreva, e que as vezes se reescreva, mas que esteja sempre por aqui, bjo no seu S2.

  4. Responder

    Nhaiobi Ruivo

    7 de julho de 2018

    Simplesmente Amo ler o que você escreve! Amo muito. 🤗

  5. Responder

    Fernanda Coelho Gomes

    6 de julho de 2018

    Sua linda, sempre fazendo a gente chorar!
    Guria, eu nem te conheço e te considero minha amiga, com tanta história e carinho e detalhes que tu dividiu “comigo”.
    Fico super feliz cada vez que tem um texto novo por aqui.. não para nunca, segue ai escrevendo e tocando corações.
    Um beijo e um abraço de urso.

  6. Responder

    Luana Salmazi

    6 de julho de 2018

    Que lindo!!! Acompanho seus textos , eles aquecem o coração e nos trazem boas gargalhadas!! Às vezes no meio da correria do trabalho paro o para dar uma lida assim que vejo e todos eles me trazem reflexões !! Ahh é um abraço bem apertado na Dulce!!

  7. Responder

    Ana Teté

    6 de julho de 2018

    Ouinnn que eu choro!!!! Queria ter o poder das palavras como você as tem tão divinamente. Te conheci depois de muitos anos de “ter ido embora”, mas que através de ti, pude compreender o que ainda não havia compreendido sobre a minha decisão. Me encantei com as histórias, pq me identifiquei com cada letrinha… consegui lidar com dois lutos (meu bb e meu pai) através do teu. A gnt não se conhece pessoalmente, mas as nossas almas se conectam tão bem. 💕
    Muita muita gratidão por sua existência, lov U 😘

  8. Responder

    MARCIA REGINA NASCIMENTO

    5 de julho de 2018

    Ah Antônia querida . Assim como a Dulce desde que cheguei neste divã nunca mais sair. AMO de paixão ler cada um dos seus textos e fico impressionada como me tocam. Você e demais Aline. Obrigada pela carta de amor. Aprendo muito com você. Forte abraço

  9. Responder

    Andrea Henning

    5 de julho de 2018

    Suas histórias também são as nossas, nos reconhecemos e por isso essa empatia. Adoro seu divã, não fico sem ler porque me toca sempre. Amo seus textos, seus devaneios, suas alegrias e tambem as tristezas. Beijo grande

  10. Responder

    Adriana Masson

    5 de julho de 2018

    Linda e querida Aline, obrigada por nos apresentar Dulce!!! Exemplo de força q eu não gostaria de testar!! Obrigada por todos os textos, não tem como escolher apenas um. Saúde menina!!!

  11. Responder

    Sylvia Dehoul

    5 de julho de 2018

    Olha a Dulce! Minha amiga de caminhada…. de dores, alegrias… compartilhando a vida na caminhada … a Dulce é exatamente isso e muito mais, um sorriso elegante, um olhar de companheirismo. Eu acho que vou ter que participar desse blog … lindas palavras.

  12. Responder

    LIDIA PINTO COELHO MAFRA

    5 de julho de 2018

    Ah Aline, nossa Antônia!!! Perdoa pelo nossa, mas sempre leio seus textos e já me sinto como se você fosse uma parte de todos nós. Estou aqui em prantos com o texto, assim como fiquei com o “É preciso ir embora” e o último em que vocês fala dos seus pequenos mestres.

    Obrigada mais uma vez por tocar o meu coração.

  13. Responder

    Mirian Solka

    5 de julho de 2018

    Te amo faz tempo… desajeitadamente, mas com calor no peito! Uso pouco os dedinhos nessa máquina aqui mas… se eu pudesse te dar um abraço agora! Meu Deus… e se eu pudesse ter um abraço teu agora! Obrigada por poder me recostar em teu divã… falar de amor, de desamor, não falar… fiquei bem! Fique bem!

  14. Responder

    Dulce Maria

    5 de julho de 2018

    Aline/Antônia/ Aline! Sua danadinha! Você me fez chorar e muito por tudo o que disse, por tudo que me fez recordar! Muito, muito obrigada! Não consigo encontrar palavras mas a mais antiga e certa, embora não não nos conheçamos, é Amo Você! Afinal Amor não precisa de tempo para acontecer e existir!

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Aline Mazzocchi
No divã e pelo mundo

De batismo, sim, Aline. Mas eu precisei do codinome Antônia - do latim "de valor inestimável" - para dividir minhas sessões públicas de escrita-terapia. O que divido aqui é o melhor e o pior de mim, tudo que aprendi no divã e botando o pé na estrada. Não para que dizer como você deve ver a vida. Mas para que essa eterna busca pelo auto-conhecimento, não seja uma jornada solitária, ainda que pessoal e intransferível. Então fique a vontade pra dividir o divã e algumas boas histórias comigo. contato@antonianodiva.com.br

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